quinta-feira, 24 de maio de 2012

PROFESSOR DA UFSM ENTRA EM GREVE NA SEGUNDA-FEIRA

A assembleia dos professores da UFSM aprovou na tarde desta quarta, 23, a deflagração de greve na instituição a partir da próxima segunda, 28 de maio. Segundo o presidente da seção sindical, professor Rondon de Castro, a deflagração acontecerá somente na próxima semana obedecendo a um preceito legal que prevê o prazo de 72h para comunicação à reitoria e aos estudantes. Um total de 110 docentes assinou a lista de presença, sendo que na votação sobre a deflagração do movimento, 40 votaram favoravelmente, 18 foram contrários e dois se abstiveram. A UFSM conta atualmente, segundo o site da instituição, com 1.738 docentes em atividade.
Dessa forma, os professores da universidade se unem a outros de mais 43 instituições federais que, em todo o país, já entraram em greve reivindicando ao governo política salarial, uma proposta de reestruturação da carreira do professor e por melhoria nas condições de trabalho, afetadas por uma expansão do ensino superior que, na avaliação do sindicato, tem sido feita de forma açodada e irresponsável. A decisão do campus da UFSM ocorre um dia após a decisão de ingresso na greve dos docentes do Centro de Educação Superior Norte do RS (Cesnors), tomada na terça, em Frederico Westphalen, mas que abrange também Palmeira das Missões. Um grupo de professores dessa unidade esteve presente na assembleia desta tarde.
Conforme o presidente, Rondon de Castro, um Comando Local de Greve deverá ser instalado nos próximos dias para traçar estratégias de mobilização e discussão. Na próxima quarta, 30, será convocada uma nova assembleia para avaliar o andamento da paralisação e das negociações com o governo, tendo em vista que nesta quarta (23) estava previsto uma reunião do ANDES-SN com o MEC e, na segunda, 28, haverá encontro dos integrantes do Grupo de Trabalho que discute a carreira docente.
Acompanhe a seguir, a Carta à Sociedade Brasileira, elaborada pelo Comando Nacional de Greve do ANDES-SN e que procura explicar os motivos que levaram a categoria ao movimento de greve:
Por que os (as) professores(as) das Instituições Federais estão em greve?
A defesa do ensino público, gratuito e de qualidade é parte essencial da história do Sindicato Nacional das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), assim como a exigência da população brasileira, que clama por serviços públicos, com qualidade, que atendam às suas necessidades de saúde, educação, segurança, transporte, entre outros direitos sociais básicos.
Os(as) professores(as) federais estão em greve em defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade e de uma carreira digna, que reconheça o importante papel que os docentes têm na vida da população brasileira.
O governo vem usando seguidamente o discurso da crise financeira internacional como justificativa para cortes de verbas nas áreas sociais e para rejeitar todas as demandas feitas pelos servidores públicos federais por melhores condições de trabalho, remuneração e, consequentemente, qualidade no serviço público.
A situação provocada pela priorização de investimentos do Estado no setor empresarial e financeiro causa impacto no serviço público, afetando diretamente a população que dele se beneficia.
Pela reestruturação da carreira
Há anos os(as) professores(as) vêm lutando pela reestruturação do Plano de Carreira da categoria, por acreditarem que essa reivindicação valoriza a atividade docente e, dessa forma, motiva a entrada e permanência dos profissionais nas instituições federais de ensino. No ano passado, o ANDES-SN assinou um acordo emergencial com o governo, que previa, como um dos principais pontos, a reestruturação da carreira até 31 de março de 2012. Já estamos na segunda quinzena de maio e nada aconteceu em relação a essa reestruturação.
Para reestruturação da carreira atual, desatualizada e desvirtuada conceitualmente pelos sucessivos governos, o ANDES-SN propõe uma carreira com 13 níveis, variação remuneratória de 5% entre níveis, a partir do piso para regime de trabalho de 20 horas, correspondente ao salário mínimo do DIEESE (atualmente calculado em R$2.329,35) A valorização dos diferentes regimes de trabalho e da titulação devem ser parte integrante de salários e não dispersos em forma de gratificações.
Pela melhoria das condições de trabalho nas Instituições Federais
O começo do ano de 2012 evidenciou a precariedade de várias instituições. Diversos cursos em Instituições Federais de Ensino – IFE tiveram seu início suspenso ou atrasado devido à precariedade das Instituições.
O quadro é muito diferente do que o governo noticia. Existem instituições sem professores, sem laboratórios, sem salas de aula, sem refeitórios ou restaurantes universitários, até sem bebedouros e papel higiênico, afetando diretamente a qualidade do ensino.
Ninguém deveria ser submetido a trabalhar, a ensinar ou a aprender num ambiente assim. Sofrem professores, estudantes e técnicos administrativos das Instituições Federais de Ensino. E num olhar mais amplo, sofre todo o povo brasileiro, que utilizará dos serviços de profissionais formados em situações precárias e que, se ainda não têm, pode vir a ter seus filhos estudando nessas condições.
Por isso convidamos todos a se juntarem à nossa luta. Essa batalha não é só dos(as) professores(as), mas de todos aqueles que desejam um país digno e uma educação pública, gratuita e de qualidade. (Comando Nacional de Greve)

Texto e foto: Fritz R. Nunes
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM

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