sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Muito além de Donadon

Na quarta-feira, 28 de agosto, estive na Expointer o dia inteiro. Em Brasília, a Câmara dos Deputados votou e rejeitou a cassação do deputado Natan Donadon (sem partido/RO). 131 deputados votaram contra a cassação e 233 votaram a favor. Para que ele fosse cassado, faltaram 24 votos (o quórum, neste caso, é de 257). Eu teria votado pela cassação. Mesmo assim, faltariam, ainda, 23 votos.
Em 19 de agosto de 2011 eu estava em Brasília, na Câmara dos Deputados e votei a favor da cassação da deputada Jaqueline Roriz (PMN/DF). Mas naquele dia, 265 deputados votaram contra a cassação e apenas 161 a favor, eu entre eles. Faltaram 96 votos para que Jaqueline perdesse o mandato.
Nesta quarta, na Expointer, discutimos e encaminhamos questões vitais como o Preço do Leite, a Previdência Rural, a Irrigação na Agricultura Familiar, melhorias na Vigilância Sanitária e os entraves da Exportações Agrícolas. São por demais importantes os temas que estavam na pauta aqui no Estado e avaliei que minha presença, ajudando a construir políticas que beneficiassem os homens e mulheres do campo, seria útil, adequada, importante.
Sim, eu poderia ter ajudado a Câmara dos Deputados a criar um símbolo positivo de que homens como Donadon não têm lugar naquele parlamento. Mas direi honestamente: não creio que se houvesse a cassação dele, os problemas da política estariam resolvidos como faz parecer o noticiário. Contudo, reafirmo: se estivesse em Brasília, votaria pela cassação deste senhor que desonra o fazer político do país.
Não por acaso, debato-me há tempos pelo fim do voto secreto e pela reforma política. O problema da política brasileira não está em um deputado, mas numa maioria que é eleita a partir do poder econômico de seus financiadores que, depois, fazem os parlamentares reféns de seus interesses. O problema não é só “o” deputado Donadon, o problema são os muitos “Donadons” cujos mandatos não servem ao povo brasileiro, mas à parcela rica do povo brasileiro que sustenta suas campanhas.
Ao vir para a Expointer, posso ter me equivocado? Sim, um de meus deveres como parlamentar é frequentar as sessões. Mas para construir políticas importantes, que mudem a vida das pessoas, é também dever de um parlamentar, estar com estas pessoas, ouvi-las, saber de suas necessidades, discutir e interferir em temas que atendam a estas necessidades.  
            Torço para que a imprensa não se restrinja a apontar os que faltaram (este é um direito inalienável dos meios de comunicação mas, nem de longe, o único ou o mais importante) e vá mais fundo na tentativa de desvendar porque tantos votaram contra à cassação. Mais: que ajude a sociedade a compreender os perversos mecanismos que acabam por eleger sujeitos como Donadon.

Por Elvino Bohn Gass

Nenhum comentário:

Postar um comentário